quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

olha você e diz que não vive a esconder o coração


hoje é daqueles dias. daqueles dias que o coração tá tão pequeno. tão pequeno. tão pequeno. que ela passa o dia todo o procurando.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

escravizaram assim um pobre coração, é necessário a nova abolição



o pior é que agora. agora. agora que ela está triste. agora. agora que ela está triste por causa dele. agora. agora escrevendo no computador que ela está triste por causa dele. agora. agora ela só pensa. agora. agora ela só pensa em correr. em correr pra cama dele. em correr para os braços dele. em correr pra ele. agora. agora que ela pensa em correr pra ele. e agora. agora ela pensa. ela pensa que não era só como saramago dizia. não. agora. agora ela pensa que sim. que a alegria e a tristeza. ah. alegria e tristeza coexistem. sim. saramago estava certo. agora. agora ela pensa que saramago estava certo. mas agora. agora tem mais. não é só a alegria e a tristeza que coexistem. não. não é. agora. agora. bem agora. agora o amor e o ódio também.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

no palco, na praça, no circo, num banco de jardim



dias. dias. fazia dias que ela tentava não pensar nele. fazia dias que dormia com a televisão ligada. fazia dias que se enganava com a tevê. fazia dias. fazia dias que tomava banho correndo. ah. o banho. porque no banho. no banho é pior. banho é momento que se pensa. é momento que se chora. é o momento. mas não. o banho era rápido. fazia dias que o banho era rápido. fazia dias. dias. dias. muitos dias. fazia dias que ela só escutava música em francês. música em japonês. música africana. talvez música árabe. fazia dias que ela escutava músicas que não entendia. fazia dias que escutava músicas que não lhe diziam nada. e ela imaginava. imaginava que a música falava de tanta coisa. ou imaginava que a música não falava de nada. sim. fazia dias. dias. dias. fazia dias que não pedia pizza. aquela pizza. aquela pizza que por tantos dias comeram juntos. sim fazia dias. fazia dias que decidira. que decidira que era melhor voltar ao regime. o dia todo. o dia todo tudo ia tão bem. fazia dias que o dia quase todo ia bem. fazia dias que ela fazia tudo aquilo. fazia dias que ela fazia tudo pra não pensar nele. fazia dias que ela fazia tudo certo. mas fazia dias. fazia dia que. que toda vez que chegava em casa. ah. toda vez que chegava em casa. toda vez que abria a porta. ah. toda vez. toda vez que fechava a porta. toda vez que fechava a porta ela jogava a chave na mesa. aquele barulho. fazia dias que fazia aquele barulho. aquele barulho. aquele mesmo barulho. fazia dias. fazia dias que ela fazia isso. fazia dias que não conseguia controlar isso. fazia dias que. fazia dias que. que toda vez. toda vez que jogava a chave na mesa. toda vez lembrava dele. lembrava dele falando. lembrava dele rindo. lembrava dele brigando. lembrava dele debochando. lembrava dele questionando. lembrava dele pensando. lembrava dele sonhando. lembrava dele. lembrava dele repetindo: -você é tão delicada jogando essa chave na mesa. todo dia. todo dia. fazia dias. todo dia era igual a todo dia. todo dia. inconscientemente. todo dia. todo dia ele estava lá. todo dia. fazia dias. dias. dias.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

porque tudo na vida há de ser sempre assim ...


e de repente o mistério se desfaz. ligia. ligia. eu sempre fiquei intrigada com essa música. eu nunca sonhei com você, nunca fui ao cinema. nunca sonhei com você, nunca fui ao cinema. não sei. tanto mistério nessa música. agora. agora que eu li isso tudo abaixo. agora faz tudo tão sentido. não sei ainda. não sei se gostei de saber isso ou não. gostei. mas o fato é que agora. agora sei ligia. e agora? e agora que sei ligia?

O quase romance

Os olhos verdes da carioca Lygia Marina de Moraes são morenos na letra de "Lígia". Um disfarce da identidade da musa e da atração de Tom Jobim por ela. Tom e Lygia, professora de pré-primário de uma das filhas do compositor, se conheceram em 1968, no bar Veloso, em Ipanema. Nunca houve nada entre os dois, mas aquele encontro daria origem ao samba-canção gravado por Chico Buarque no LP "Sinal Fechado", em 1974. "O Tom vivia de olho nela", diz o jornalista Ruy Castro, que registrou o episódio no livro "Ela é Carioca" (Cia. das Letras).

Por muitos anos Tom negou que Lygia fosse sua musa, em respeito ao amigo Fernando Sabino, marido dela na época. Só em 1994, quando o casal se separou, ele admitiu a inspiração aos amigos. Hoje, aos 54 anos, Lygia mora sozinha e dirige o departamento cultural da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Ela recorda com orgulho os detalhes de seu caso jamais consumado com Tom Jobim.

Lygia Marina de Moraes "Conheci o Tom em uma tarde chuvosa. O bar Veloso estava vazio, era junho e fazia frio. Eu e uma amiga, Cecília, nos sentamos na varanda e vimos o Tom conversando com Paulo Góes [fotógrafo]. Os dois acabaram se sentando na nossa mesa. Quando contei ao Tom que era professora da sua filha Beth, ele teve um ataque de riso e disse: 'É a primeira vez que paquera vira reunião de pais e mestres!'. E eu babando: imagine, em 68, Tom era um dos homens mais lindos do Brasil.

Ele tinha que dar uma entrevista a Clarice Lispector para a 'Manchete', e convidou a mim e a Cecília para ir com ele. Fomos no fusquinha azul-claro do Tom. Eu usava uma saia de lã e um suéter de cashmere. Ao abrir a porta, Clarice fez cara de mau humor. Tom, abraçado comigo e com Cecília, disse: 'Trouxe minhas amigas'. Ela ficou mais furiosa quando pediu a Tom que fizesse um poema para ela, como Vinícius [de Moraes] teria feito em entrevista anterior, e ele disse: 'Não sou poeta, se tivesse um violão...'.

Mas aí pegou um bloco de papel-jornal e escreveu um poema para mim, que guardo até hoje: 'Teus olhos verdes são maiores que o mar/ Se um dia eu fosse tão forte quanto você/ Eu te desprezaria e viveria no espaço/ Ou talvez então eu te amasse/ Ai que saudades me dá/ Da vida que eu nunca tive', e assinou: A.C.J.

Saindo de lá, Tom me levou em casa. Nos despedimos no carro, com um beijinho no rosto. Fiquei nervosíssima, mas parou ali. Tom era casado... Aquela carona foi nosso único encontro a sós. A música fala de tudo o que não aconteceu: o cinema, o passeio na praia... Depois nos encontramos muitas vezes, mas sempre em grupo. Logo me casei com o cineasta Fernando Amaral e entrei para a turma. Vivi o auge de Ipanema.

Após quatro anos de casada e um filho, me separei. Depois me casei com o escritor Fernando Sabino. Em 1973, acho que Tom não sabia que eu estava casada com ele, e ligou para o Fernando pedindo meu telefone. Meu marido fez uma sacanagem: deu um número errado. Em seguida, ligou para o telefone que tinha dado e avisou: 'O Tom Jobim vai ligar aí procurando uma Lígia, mas o telefone é tal', e deu outro número errado. Os amigos ficaram sabendo dessa história, inclusive o Tom. Talvez daí tenha surgido a frase na música que fala do telefonema que foi engano.

Estava sozinha em casa quando ouvi no rádio o Chico cantando 'Lígia', pela primeira vez. Fui correndo comprar o disco. Na hora, me vi na letra. Ser homenageada já é maravilhoso, ainda mais pelo Tom, com uma música linda e sofisticada... É uma glória. Claro que a música rendeu comentários e Fernando ficou uma fera. Durante os 19 anos em que fui casada, Tom evitou o tema. Estivemos juntos em vários lugares, tipo réveillon na casa de Jorge Amado, eu com Fernando e Tom com Ana, sua segunda mulher. Mas ninguém falava nisso.

Um dia, Tom me encontrou por acaso na Cobal [sacolão e ponto de encontro] e falou: 'Está chegando minha musa!'. Foi a primeira vez que admitiu para mim. Até hoje, em cada boteco que entro tocam 'Lígia'. Faz parte do meu show. Fiquei imortal. Tenho quase todas as gravações de 'Lígia'. Existe até uma versão do João Gilberto em que, ao contrário da oficial, o romance acontece e Tom até se casa comigo. As pessoas me cobram o fato de nunca ter acontecido nada entre a gente. Mas será que não foi melhor ter ficado essa fantasia? Talvez tivesse de ser essa a história: eu virar musa, entrar em um restaurante e me lembrar do Tom, cheio de charme."

veio daí

e eu gosto deste dueto

Lígia - Tom Jobim

Eu nunca sonhei com você
Nunca fui ao cinema
Não gosto de samba não vou a Ipanema
Não gosto de chuva nem gosto de sol

E quando eu lhe telefonei, desliguei foi engano
O seu nome não sei
Esquecí no piano as bobagens de amor
Que eu iria dizer, não ... Lígia Lígia

Eu nunca quis tê-la ao meu lado
Num fim de semana
Um chopp gelado em Copacabana
Andar pela praia até o Leblon

E quando eu me apaixonei
Não passou de ilusão, o seu nome rasguei
Fiz um samba canção das mentiras de amor
Que aprendí com você
É ... Lígia Lígia


hoje completam 15 anos que vivemos sem o Tom. mas não sem tom. pq tudo na vida há de ser sempre assim... e as praias desertas continuam esperando por nós dois... eu sei e você sabe que a distância não existe... não deixe o mundo mal lhe levar outra vez...é tempo de pensar que o amor pode novamente chegar... se soubesses o bem que te quero... que só em seus braços amor eu posso ser feliz...se todos fossem iguais a você, que maravilha viver... talvez, bem talvez, minha filha se chame ligia.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

vou abrir a porta, mais uma vez, pode entrar...




ao telefone
ele diz
por que hoje você está tão bonitinha assim?
e ela pensa
porque acho que você vai me trair
e ela diz
porque estou com saudade

e lá se vai uma noite de sono.


e mesmo sem te ver, acho até que estou indo bem...





eu gostava muito dessa música. ela significava tanto pra mim. e quando li isso. quando li isso passou a significar mais.

A melodia da separação

O apelido foi dado por Maria Bethânia. Drão vem do aumentativo de Sandra, a terceira mulher de Gilberto Gil. Ao virar título de um dos maiores sucessos do compositor, o apelido incomum sempre foi confundido com a palavra "grão". Sandra Gadelha desfaz o mal-entendido e se assume como inspiração dos versos densos, compostos em 1981, em plena separação do casal. Gil diz que foi bem difícil escrever a letra, uma poesia profunda e sutil do amor e do desamor. "Como é que eu vou passar tanta coisa numa canção só?", questiona-se Gil no livro "Gilberto Gil-Todas as Letras" (Cia. das Letras).

Os dois foram casados por 17 anos e tiveram três filhos: Pedro, Maria e Preta. Hoje, aos 53 anos, Sandra mora sozinha no Rio, sonha em montar uma pousada e se lembra com carinho da canção que marcou o fim de seu casamento. Por uma feliz coincidência, Sandra costuma ouvir sempre a "sua" música no rádio do carro. Uma emissora carioca parece estar programada para tocá-la todos os dias, às 11h. A ouvinte especial está sempre sintonizada.

Sandra Gadelha "Desde meus 14 anos, todo mundo em Salvador me chamava de Drão. Fui criada com Gal [Costa], morávamos na mesma rua. Sou irmã de Dedé, primeira mulher de Caetano. Nossa rua era o ponto de encontro da turma da Tropicália. Fui ao primeiro casamento de Gil. Depois conheci Nana Caymmi, sua segunda mulher. Nosso amor nasceu dessa amizade. Quando ele se separou de Nana, nos encontramos em um aniversário de Caetano, em São Paulo, e ele me pediu textualmente: 'Quer me namorar?'. Já tinha pedido outras vezes, mas eu levava na brincadeira. Dessa vez aceitei.

Engraçado que Gil mesmo não me chamava de Drão. Antes havia feito a música 'Sandra'. Já 'Drão' marcou mais. Estávamos separados havia poucos dias quando ele fez a canção. Ele tinha saído de casa, eu fiquei com as crianças. Um dia passou lá e me mostrou a letra. Achei belíssima. Mas era uma fase tumultuada, não prestei muita atenção. No dia seguinte ele voltou com o violão e cantou. Foi um momento de muita emoção para os dois.

Nos separamos de comum acordo. O amor tinha de ser transformado em outra coisa. E a música fala exatamente dessa mudança, de um tipo de amor que vive, morre e renasce de outra maneira. Nosso amor nunca morreu, até hoje somos muito amigos. Com o passar do tempo a música foi me emocionando mais, fui refletindo sobre a letra. A poesia é um deslumbre, está ali nossa história, a cama de tatame, que adorávamos. No começo do casamento moramos um tempo com Dedé e Caetano, em Salvador, e dormíamos em tatame. Durante o exílio, em Londres, tivemos de dormir em cama normal. Mas, no Brasil, só tirei o tatame quando engravidei da Preta e o médico me proibiu, pela dificuldade em me levantar.

A primeira vez em que ouvi 'Drão' depois que Pedro, nosso filho, morreu [num acidente de carro em 1990, aos 19 anos] foi quando me emocionei mais. Com a morte dele a música passou a me tocar profundamente, acho que por causa da parte: 'Os meninos são todos sãos'. Mas é uma música que ficou sendo de todos, mexe com todo mundo. Soube que a Preta, nossa filha, chora muito quando ouve 'Drão'. Eu não sabia disso, e percebi que a separação deve ter sido marcante para meus filhos também. As pessoas me dizem que é a melhor música do Gil. Djavan gravou, Caetano também. Fui ao show de Caetano e ele não conseguia cantar essa música porque se emocionava: de repente, todo mundo começou a chorar e a olhar para mim, me emocionei também. E, engraçado, Caetano é o único dos nossos amigos que me chama de Drinha."

veio daí

mas a verdade é que eu gosto mais do caetano cantando...

letra

Drão

(Gilberto Gil)

Drão o amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão nossa semeadura
Quem poderá fazer aquele amor morrer!
Nossa caminhadura
Dura caminhada pela estrada escura

Drão não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão, estende-se, infinito
Imenso monolito, nossa arquitetura
Quem poderá fazer aquele amor morrer!
Nossa caminha dura
Cama de tatame pela vida afora

Drão os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão, não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão
Quem poderá fazer aquele amor morrer
Se o amor é como um grão!
Morrenasce, trigo, vive morre, pão
Drão


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

e quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração e quem irá dizer que não existe razão


ele disse que não se sente seguro pra isso. ela disse que só se sente segura com isso. sim. era tudo sempre diferente. desde o começo. ele era paulista e corintiano. tá. tudo bem. mas. mas por ironia do destino. ela era mineira e são paulina. porque ela podia ser cruzeirense. porque ela podia ser atleticana. porque se ela não queria ser cruzeirense. porque se ela não queria ser atleticana. ela podia ser flamenguista. ela podia ser botafoguense. ela gosta tanto do hino do botafogo. sim. ela podia ser botafoguense. mas não. ela não era botafoguense. também não era americana. não era gremista. não era. não era. era são paulina. ela era assim, do dia. sim. acordava cedo. resolvia toda sua agenda de manhã. e se orgulhava disso. achava bonito contar para as outras pessoas. contar que ah. saiu. dormiu tarde. mas de manhã. de manhã bem cedinho. já estava cheia de disposição. já tinha resolvido tudo. e não tinha vergonha de dizer. de dizer que se sentisse sono. ah. ela dormia oito horas e só acordava no dia seguinte. ela achava tudo isso lindo. ele era assim, da noite. dormia tarde. resolvia todos os seus compromissos de madrugada. sentava na cadeira. e o relógio rodava. os ponteiros do relógio. ah. esses sim mudavam de lugar. ele não. concentrado. muito concentrado. achava lindo não ter sono naquela hora. e também. também não tinha vergonha de dormir enquanto o mundo funcionava. talvez pensasse. que ah. do outro lado do mundo. do outro lado do mundo era noite. eles eram assim. sempre assim. ele era assim. ele mais velho. um tanto mais velho. e tão moderno. gostava de balada. gostava de boate. gostava de trance. de house. de sei lá o que. ela era assim. ela mais nova. um pouco menina. um pouco mulher. mas nova. e tão antiga. gostava de boteco. aqueles pequenos. aqueles vazios. aqueles silenciosos. ela era assim. estudava economia. mas nem sabia se gostava de economia. estudava desenvolvimento. mas ah. disso ela sabia que gostava. ele era assim. estudava economia. e sabia. ele sabia que gostava de economia. que gostava muito de economia. e que não gostava de desenvolvimento. ele era assim. queria certeza em tudo. queria segurança em tudo. queria dar um passo de cada vez. queria não ter chance de errar. queria calcular. ela era assim. via incerteza em tudo. queria experimentar o inseguro em tudo. queria um salto de cada vez. queria se aventurar. queria ter chance de errar. queria ter chance de acertar. queria tentar. eles eram assim. ele assim. ela assim. ela assim. ele assim. um assim mais diferente do outro. um assim mais longe do outro. um assim que os levava para perto um do outro. um assim que os fazia cada dia mais parecidos com o outro. e sim. assim. bem assim. ele dizia que não se sente seguro pra isso. e assim. bem assim. ela dizia que só se sente segura com isso. e assim. assim eles iam levando. e assim. assim. bem assim.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

hoje a tristeza não é passageira, hoje fiquei com febre a tarde inteira




às vezes parece que a gente tem mil cabeças, que liga uma e desliga outra. às vezes parece que é só uma, e não dá pra desligar. ou será coração? às vezes quando eu tô um pouco triste, tenho uma vontade enorme de escrever, mas agora. agora que eu tô muito triste. agora não.

domingo, 22 de agosto de 2010

preciso não dormir, até se consumar, o tempo da gente.



às vezes. às vezes quando eu tô sonhando. mas é só nas vezes que eu tô sonhando e são coisas ruins. quando são coisas ruins mesmo. eu paro. no sonho. no sonho eu paro e penso. penso que isso é sonho. e debocho. dou uma risadinha. aquela risadinha que me diz que aquilo. ah. aquilo é tão absurdo. é tão absurdo que só pode ser sonho. e é sonho. e eu acordo. mas hoje. hoje eu parei. eu parei e pensei. e pensei e debochei. e debochei e sorri. e sorri e falei. ah. isso? isso é sonho. isso é tão absurdo que é sonho. e tentei abrir os olhos. os olhos que já estavam abertos. e não. dessa vez. dessa única vez. não. dessa vez não era sonho. foi tão estranho. seria melhor. ah. seria muito melhor se. se. se. se por um segundo. ou por dois, não sei. se por esses segundos eu não tivesse pensado que era sonho.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

e só de te ver eu penso em trocar a minha tv


eu me lembro bem. sempre que eu ouvia aquela música. aquilo me tocava. aquilo fazia muito sentido. eu me lembro. sim. eu me lembro bem. a música dizia. é. ela ainda diz. a música ainda diz. ela diz que felicidade. ah. que felicidade não tem fim. mas a tristeza. ah. a tristeza sim. e eu sempre pensei. pensei muito nisso. a verdade. será essa a verdade? eu sempre achei que sim. sei lá. sempre achei que sim. mas agora. agora nesse minuto. talvez nesse segundo. eu penso. eu penso que a felicidade. ah. a felicidade. ela não parece ter fim. e a tristeza. sei lá. sei lá por onde ela anda.

domingo, 27 de junho de 2010

pelas ruas o que se vê, é uma gente que nem se vê


quando eu vi essa música. eu pensei. eu quero ser mãe. essa música, toquinho fez pra sua filha, jade. deu vontade de chorar quando eu ouvi pela primeira vez.


Canção pra Jade

Toquinho


Desde quando eu te vi
Tudo ficou mais lindo:
A rua, a lua, o sol no céu luzindo.
Olhando teu olhar,
Ouvindo a tua voz
Chego a não crer,
A me surpreender, feliz, sorrindo.

Estrela singular
Da luz do amor nascida.
Antieclipse lunar da minha vida.
A cada passo teu
Segue meu coração,
Por entre os móveis,
Calçadas, parques e avenidas.

Viva cada instante, viva cada momento,
Proteja da razão teu sentimento.
Tente ser feliz enquanto
A tristeza estiver distraída.
Conte comigo
A cada segundo dessa vida.

E o tempo vai passar
Ao longo dessa estrada.
Novas estórias lhe serão então contadas.
E você vai crescer,
Sonhar, sorrir, sofrer
Entre vilões, moinhos, dragões e poucas fadas.


quarta-feira, 16 de junho de 2010

quero falar de uma coisa, adivinha onde ela anda



hoje acordei cheia de saudade. saudade de tudo. saudade de 10 anos atrás. saudade de cinco anos atrás. saudades de um ano atrás. saudade de ontem. e não consigo parar de ouvir essa música.

muitas vezes Pedro você fala. sempre a se queixar da solidão. quem te fez com ferro fez com fogo, Pedro. é pena que você não sabe não. vai pro seu trabalho todo dia. sem saber se é bom ou se é ruim. quando quer chorar vai ao banheiro. Pedro, as coisas não são bem assim. toda vez que eu sinto o paraíso. ou me queimo torto no inferno. eu penso em você meu pobre amigo. que só usa sempre o mesmo terno. Pedro onde cê vai eu também vou. Pedro onde cê vai eu também vou. mas tudo acaba onde começou. tente me ensinar das tuas coisas. que a vida é séria e a guerra é dura. mas, se não puder cale essa boca, Pedro. e deixa eu viver minha loucura. lembro Pedro aqueles velhos dias. quando os dois pensavam sobre o mundo. hoje eu te chamo de careta. e você me chama vagabundo. Pedro onde cê vai eu também vou. Pedro onde cê vai eu também vou. mas, tudo acaba onde começou. todos os caminhos são iguais. o que leva à glória ou a perdição. há tantos caminhos, tantas portas. mas, somente um tem coração. e eu não tenho nada a te dizer. mas, não me critique como eu sou. cada um de nós é um universo, Pedro. onde você vai eu também vou. Pedro onde cê vai eu também vou. Pedro onde cê vai eu também vou. mas tudo acaba onde começou.
(meu amigo Pedro. Raul Seixas)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

que eu não sei medir nem tempo e nem medo


hoje. hoje sim é tpm. mas hoje. assim. de manhã. assim que eu acordei. eu pensei. olhei pra 7 anos atrás. olhei pra aquela menina entrando na universidade. sim. 7 anos atrás. saindo de casa. naquele dia. naquele dia eu não parei pra pensar. não. eu nunca parei pra pensar. pra pensar que nunca mais. nunca mais eu ia voltar pra casa. naquele dia eu só fui. naquele dia eu só fiz. eu só andei pra frente. eu só andei. não. não sei se pra frente. mas eu andei. eu fiz a única coisa que eu sei fazer. e a única coisa que eu sei fazer. é. é fazer sem pensar. e agora. agora estou eu. tentando não pensar. fazendo força pra não pensar. porque se eu penso. ah. se eu penso. eu bem sei. eu bem sei que se eu penso. eu não saio do lugar.

****

vem,
tudo é belo por onde eu passei
e será onde eu passar.

(vem. Cartola e Arthur Oliveira)

domingo, 13 de junho de 2010

quando consegue do peito tirar um espinho, é que a velha esperança já não pode morrer



era domingo. e pra ela. ah. pra ela todos os domingos eram iguais. domingo era dia de acordar a qualquer hora. e ela acordava a qualquer hora. olhava no celular as horas. e pensava. ainda não é qualquer hora. devia ser qualquer hora tarde. sim. qualquer hora ela levanta. e pensa. pensa que é domingo. abre a persiana. olha lá fora. aquela claridade de domingo. aquela claridade que raramente é clara. aquela claridade que só o domingo tem. levanta. troca de roupa. e é domingo. domingo é dia de usar aquela roupa. aquela roupa que ela nunca usaria durante a semana. aquela roupa que só pode ser usada durante a semana depois de ser usada num domingo. aquela roupa que sai pelas ruas procurando olhares. de aprovação. de reprovação. não interessa. olhares. o que ela quer. o que ela quer é que aquele domingo. um daqueles que são todos iguais. seja diferente. é nos olhares. é nos olhares que o domingo é diferente. mas os olhares. ah! os olhares são olhares de domingo. sim. e os domingos. os domingos eram sempre iguais. chega o almoço. o lugar varia. mas ah. isso não difere os domingos. o lugar varia. mas é sempre domingo. é sempre a mesma sensação de domingo. aquela sensação de se escolher. escolher sozinha pra que lado ir. se pra direita. se pra esquerda. escolher sozinha o que comer. se carne. se frango. e escolher sozinha o que se beber. coca. sempre coca. e enquanto espera. lê. lê. todo domingo é igual. todo domingo tem um almoço. sozinho. e um livro. o livro. o livro as vezes muda. mas demora. e o livro dos domingos. ah. o livro dos domingos. tem sido o do cartola. no primeiro domingo do cartola. ah. aquele domingo. aquele domingo parecia que não ia ser igual. porque naquele domingo. ela não ia almoçar sozinha. ela ia almoçar com o cartola. mas no fim do almoço. ah. o domingo foi igual. mas neste domingo. não foi diferente. era ela. era frango. era coca. e era cartola. era um domingo agradável. sim. era igual. mas igual. igual é agradável. não confunda. mas esse domingo. esse domingo aconteceu uma coisa diferente. todo domingo era igual. entre as linhas dos livros. era uma conversa paralela. e seus olhos acompanhavam as linhas do livro. mas seus ouvidos acompanhavam a conversa alheia. sim. era inevitável. por muitas vezes. ah. por muitas vezes a vontade era fechar o livro. pedir licença. pro cartola. e participar da conversa alheia. ah. muitas vezes. muitas vezes aquela conversa lhe chamava. e ela quase ia. mas não ia. mas não ia. mas dessa vez. dessa vez foi diferente. ela sentou. pediu o frango. a coca. e chamou cartola. e duas senhoras. duas senhoras sentaram na mesa ao lado. era como mãe e filha. ou filha e mãe. ou irmãs. ela não sabia. naquela idade. mãe e filha se confundem. e ela ficou reparando. de rabo de olho. pela tangente. uma disse. o que você vai beber. água. e a uma disse. eu vou beber guaraná. e pediram pro garçom. e ele trouxe. depois disso. depois disso ela ficou a observar. isso. a olhar. a reparar. porque ouvir. não. ouvir ela não pode ouvir nada. as duas almoçaram. e as palavras água. guaraná. ecoavam no ouvido dela. água. guaraná. guaraná. água. e mais nada. almoçaram. não sei por quantos minutos. todo domingo é igual. o tempo passa de uma forma estranha. o tempo passa sem que se saiba quanto tempo passou. mas elas ficaram ali. mastigavam. bebiam. e ela. ela a observar. não falaram uma palavra. não trocaram um sorriso. não. não fizeram nada. e ela ficou pensando. sim. esse domingo foi diferente. ela ficou o resto do dia pensando. se aquilo. ah. se não falar nada. se não falar nada era bom. pra ela sempre foi tão estranho. tão estranho almoçar e não falar nada. era por isso. era por isso que levava o cartola. porque sentia que ouvia. sentia que falava. fingia que conversava. mas aquelas duas senhoras. ah. aquelas duas senhoras. juntas. caladas. porque caladas? porque juntas? ah. depois disso. depois disso ela pensou. mas não entendeu. não. não entendeu nada. mas ela sabe. sabe que depois daquele domingo. ah. os domingos. os domingos nunca hão de ser iguais.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

minha magrelinha vai trazer amor pra mim, pode ser no copo, na caixinha ou coisa assim…




a minha saudade é assim. como uma parábola. segunda derivada negativa. como um u. assim. com um U. com ponto de mínimo. mas a segunda perna do U. ah. a segunda perna do U. essa perna não tem fim. tende ao infinito. ela começa forte. o tempo vai passando. ela vai passando. vai passando... vai passando... atinge um mínimo. aquele mínimo. ah. aquela sensação estranha. sensação estranha. aquela que você até esquece que tem saudade. mas esse ponto é fatídico. basta você atingir. é. uma vez que você atinge. já era. ela só cresce. e aí, honey. chegamos na segunda perninha do u. essa. essa não tem fim. essa no limite. se é que tem limite. tende ao infinito. essa só acaba. só acaba quando se mata a saudade. e às vezes. às vezes se mata em um minuto. às vezes se mata em um abraço. às vezes se mata em um beijo. às vezes se mata em um sorriso. às vezes se mata em mil dias. às vezes. ah. quando a saudade tende ao infinito. às vezes ela não se realiza nunca. não se mata nunca. às vezes nunca se encontra. não se mata a saudade. às vezes se encontra. mas mesmo assim. mesmo assim honey. às vezes tem sorriso. as vezes tem beijo. às vezes tem abraço. e mesmo assim. não se mata. não se mata nunca essa saudade.

****

seque a música mais bonita sobre saudade que eu conheço.

pedaço de mim
Chico Buarque/1977-1978
Para a peça Ópera do malandro, de Chico Buarque

oh, pedaço de mim
oh, metade afastada de mim
leva o teu olhar
que a saudade é o pior tormento
é pior do que o esquecimento
é pior do que se entrevar

oh, pedaço de mim
oh, metade exilada de mim
leva os teus sinais
que a saudade dói como um barco
que aos poucos descreve um arco
e evita atracar no cais

oh, pedaço de mim
oh, metade arrancada de mim
leva o vulto teu
que a saudade é o revés de um parto
a saudade é arrumar o quarto
do filho que já morreu

oh, pedaço de mim
oh, metade amputada de mim
leva o que há de ti
que a saudade dói latejada
é assim como uma fisgada
no membro que já perdi

oh, pedaço de mim
oh, metade adorada de mim
leva os olhos meus
que a saudade é o pior castigo
e eu não quero levar comigo
a mortalha do amor
adeus


****

os créditos deste post vão pra minha neoclássica preferida... se não for a única... she knows who she is... maybe she doesn't speak english... :p


terça-feira, 1 de junho de 2010

deixa ser, como será, eu vou sem me preocupar


i got gaps. you got gaps. together, you know... we fill gaps.

domingo, 30 de maio de 2010

como castelos nascem dos sonhos, pra no real achar seu lugar


um dia eu disse pra ele. ah nem. sua filha. como você deixa? ela é sua filha. como você deixa sua filha namorar um marxista? ele olhou pra mim. olhou bem. riu. e disse. marininha. isso não importa. o que importa mesmo. é ter idéia. idéia ruim. ou idéia boa. não importa. uma pessoa tem que ter idéia. eu gosto das pessoas que tem idéia. eu ri. meio sem graça. meio pensativa. e hoje. sei lá. um ano depois. deve ser. eu pensei. que é isso mesmo. eu pensei que é isso. que bom mesmo. bom mesmo é ter idéia. não importa se são como as suas. não importa se são como as minhas. tanto faz. mas hoje eu entendi. um ano depois. sei lá. eu entendi. que quem tem idéia. quem tem idéia. tem tudo. que lindo isso. então é isso. é isso que torna alguém interessante. é ter idéia. mas quem se importa? sim. é isso que eu quero saber. sim. eu quero saber quem se importa.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

que contradição, só a guerra faz, nosso amor em paz

e daí?
pouco importa se você se importa.
ou se interessa ou não se interessa.
é fim de conversa.
eu volto pra vida.
que deixei lá fora na rua.
e daí.
vou sentindo a demora.
de ver que o vulcão.
que o meu peito devora.
não teve a resposta.
a contra-proposta.
da parte que é tua.

fui tua...e daí?

é uma pena.
que a moça não seja.
de cama e mesa.
um bicho uma presa.
que depois de usada.
se guarda ou se joga.
na lata de lixo.

e daí?
eu sou uma mulher.
uma parte comum.
de um jogo qualquer.
pra perder ou ganhar.
ou aquilo que for.
mas os dois com a mão na colher.

e daí?
digo a frase maldita.
e pra mim pouco importa.
se você acredita.

eu te amo e não temo este amor.
já vou indo vou levando esta dor.
vou em paz.
pois não temo a dor de amar demais.
e daí?!...

(mulher e daí - apenas mulher / gonzaguinha)

sim... i'm falling for gonzaguinha.

domingo, 23 de maio de 2010

nada a temer senão o correr da luta, nada a fazer senão esquecer o medo


ele era assim. durante nove anos. nove anos de judô. todo fim de ano. todo fim de ano era igual. exame de faixa. não. eu não gosto mais de judô. ele dizia. não. eu não aprendo nada de novo. ele dizia. não. eu não gosto do professor. ele dizia. não. meus colegas vão entrar pro futebol. ele dizia. e seu pai dizia. passa, depois você larga. e ele passava. e mudava de idéia. ele passava. e continuava. o ano todo. treino. competição. medalha. troféu. o ano todo era isso. e sim. ele gostava. sim. como gostava. mas o fim do ano chegava. todo ano o fim do ano chegava. e era assim. era igual. durante nove anos. durante nove anos era assim. e ele não queria mais fazer judô.

sim. ele é meu irmão. e eu sou sua irmã. e o pai é o mesmo. eu e minha dissertação. minha dissertação e eu. é, não tem jeito. o dna não falha. não. ele não falha.

****


há muito tempo que eu saí de casa.há muito tempo que eu caí na estrada.há muito tempo que eu estou na vida.foi assim que eu quis, e assim eu sou feliz.principalmente por poder voltar.a todos os lugares onde já cheguei.pois lá deixei um prato de comida.um abraço amigo, um canto prá dormir e sonhar.e aprendi que se depende sempre.de tanta, muita, diferente gente.toda pessoa sempre é as marcas.das lições diárias de outras tantas pessoas.e é tão bonito quando a gente entende.que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá.e é tão bonito quando a gente sente.que nunca está sozinho por mais que pense estar.é tão bonito quando a gente pisa firme.nessas linhas que estão nas palmas de nossas mãos.é tão bonito quando a gente vai à vida.nos caminhos onde bate, bem mais forte o coração. (caminhos do coração.gonzaguinha)


terça-feira, 18 de maio de 2010

corra e olhe o céu, que o sol vem trazer, bom dia...


eu disse.
-tô num surto de baixo auto-estima tentando escrever esse projeto...
ele disse.
-você? bah, capaz...

pessoas. palavras. elas não sabem o poder que têm.

sábado, 15 de maio de 2010

é bom olhar pra frente, é bom nunca é igual

They Can't Take That Away From Me (Ella Fitzgerald)

the way you wear your hat. the way you sip your tea. the memory of all that. no, no, they can't take that away from me. the way your smile just beams. the way you sing off-key. the way you haunt my dreams. no, no, they can't take that away from me. we may never, never meet again. on this bumpy road to love. still I'll always, always keep the memory of... the way you hold your knife. the way we danced till three. the way you've changed my life. no, no, they can't take that away from me. no, they can't take that away from me.

****

uma pessoa passou pela minha vida e deixou essa música. me disse: toma. leva ela pra você. leva pra sua vida. bem. eu posso nunca mais ver essa pessoa. mas o presente que ela me deu. o presente vai ficar comigo pela vida toda. e eu acho isso lindo. e de alguma forma. lendo a letra da música. eu vi um nexo incrível entre o que eu disse e o que a música fala. pode não haver esse nexo. mas eu vi.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

e onde a sorte há de te levar, saiba, o caminho é o fim, mais que chegar



eu liguei a televisão. não sei o porquê. não sei mesmo. mas eu liguei. e ela disse pra ele. disse que ia embora. ia embora porque cansou. cansou de viver o amor no mundo das idéias. cansou. disse que era como vício. e precisava ir embora. ele disse que não entendeu. ela explicou. não. ela explicitou. ele disse. você foi minha melhor amiga. tantos anos. desculpa. desculpa se te fiz mal. ela disse. não. não faz diferença agora. ele disse. seja feliz. e eu pensei. eu já vi essa cena antes. eu já vi no mundo das idéias. mas vendo ali. na novela das oito. ou na novela das nove. eu pensei. eu pensei que eu não quero ver essa cena. mas eu sei que se eu quiser. eu vou ver. e vai ser idêntica. e pode ser às oito. ou pode ser às nove. não faz diferença. mas eu sei que vai ser idêntica. e não vai ser na novela. isso tudo eu sei. o que eu não sei. sério. o que eu não sei. é porque eu liguei a televisão.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

eu te vejo sumir por aí, te avisei que a cidade era um vão


eu. parada. de frente para o elevador.
ele.
-hey, segura a porta.
e elas se fecham.
eu.
-acho que foi mais rápido do que meu pensamento.
ele.
-não, acho que seu pensamento está bem mais rápido do que o elevador.
eu.
-é, acho que sim.
ele.
-você faz o quê?
eu.
-como assim, faço o quê?
ele.
-é, qual arte? dança, canta, pinta, atua?
eu. (com aquele sorrizinho de canto de boca =/).
-aaaaaaaaaaah. nãaaaaaaaao. sou economista. só estudo. faço mestrado.
ele.
-ah, então é isso.
eu.
-isso?
ele.
-sim, isso que está errado em você.
eu fico calada.
ele.
-qual andar você vai?
eu.
-no útlimo.
ele.
-mas no último é a administração.
eu.
-ah, então não sei.
ele.
-vai no quinto que vai te fazer bem.
eu.
-tá bom.
ele.
-tchau, fica bem.
eu.
-tchau, obrigada.

chego no quinto andar. me deparo com uma tela branca. e só. mais nada. fiquei olhando. rodei o andar todo. e voltei. era aquilo. era a tela branca. e só. engraçado. ou não. eu já tinha me deparado com uma tela branca antes. num museu. em nova iorque. mas lá. aquela tela lá não me disse nada. nada. eu pensei o que fazia aquela tela branca em um museu tão fino. e agora. ali no museu de POA. tão menos chique. a mesma tela branca. eu olhei pra ela. e saí para procurar outra coisa. e voltei. e olhei pra ela de novo. olhei sabendo que ela tinha que falar alguma coisa. e ela. ela imediatamente olhou pra mim. e significou tanta coisa. tanta coisa. tanta coisa! e fiquei pensando. pensando. pensando se o cara estava certo. não. ele não estava certo. porque a tela branca. a tela branca era pra me fazer bem. mas ela fez tanto sentido. tanto sentido. mas um sentido que sei lá. não sei se faz bem. nem todo sentido faz bem.

(e quanto ao que estava errado era o fato de eu ser economista. sei lá. isso vai demorar pra eu descobrir se ele estava certo ou não. e se eu devia ser artista. sei lá. isso vai demorar mais tempo ainda. que sentido teria um quadro branco pra um economista? e que sentido teria um quadro branco para um artista? e que sentido teria um economista pra um artista? e que sentido teria um artista pra um economista?)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

só apareço, por assim dizer, quando convém aparecer


sexta-feira. último dia útil da semana. sexta-feira. última aula da semana. sexta-feira à noite. é como se todos as obrigações deixassem de existir. sexta-feira. é como se todo mundo fosse rico. sexta-feira. a cerveja é como um remédio. sexta-feira. uma sexta-feira que -sem motivo de força maior- não termina em happy hour e cerveja é solidão. mas muitas sextas-feiras, com happy hour e com cerveja... também são.

****

bem, minha fase Maysa ainda não passou... então segue a letra e o link daquilo que eu não consigo parar de escutar.

Dindí. letra de Tom Jobim e divinamente interpretada por Maysa. porque pra mim é assim. Cartola é gênio. Maysa é divina.


céu, tão grande é o céu. bandos de nuvens que passam ligeiras. prá onde elas vão, ah, eu não sei, não sei

e o vento que toca nas folhas. contando as histórias que são de ninguém. mas que são minhas e de você também. ai, Dindí. se soubesses o bem que eu te quero. o mundo seria, Dindí, tudo, Dindí, lindo, Dindí. ai, Dindí. se um dia você for embora me leva contigo, Dindí. olha, Dindí, fica, Dindí. e as águas desse rio. onde vão, eu não sei. a minha vida inteira, esperei, esperei por vo...cê, Dindí. que é a coisa mais linda que existe. é você não existe, Dindí.





segunda-feira, 3 de maio de 2010

domingo, 2 de maio de 2010

tenho os sentidos já dormentes, o corpo quer, a alma entende


eu fiquei pensando. quando é que as coisas se tornam óbvias? quando é que tudo se torna certo? quando um colega vira um amigo? quando um amigo vira um colega? quando um beijo se torna um amor? quando um amor se torna só um beijo? quando um erro se torna uma aberração? quando uma aberração se torna apenas um erro? quando um dia é como um ano? quando um ano é só um dia? quando uma dúvida se torna incerteza? quando incerteza torna tudo uma dúvida? quando uma mentira se torna traição? quando uma traição transforma tudo em mentira? quando uma amiga se torna uma irmã? quando uma irmã se torna uma amiga? quando um quarteirão parece longe? quando o longe parece ser só um quarteirão? quando um sonho se torna realidade? quando a realidade se torna um grande sonho? quando um segundo muda toda vida? quando toda vida muda só por um segundo? quando o certo parece errado? quando o errado é tão certo? quando um abraço se torna vazio? quando o vazio se acaba em um abraço? quando? quando? quando?

sábado, 1 de maio de 2010

as flores na janela sorriam, cantavam por causa de você


Especial Maysa - Estudos (1975)

[falar o quê? ai, Dindí...]

o amor é também muitas vezes uma espécie de estado sentimental. extremamente descarnizado. puramente espiritual. é por isso então que eu evito a palavra amor.

eu tenho uma série de complexos de coisas antigas. de não conhecê-los. sabe. eu parei no segundo ano ginasial. isso não quer dizer absolutamente nada. mas eu parei no segundo ano de vida. eu achava que eu era muito mais importante do que saber do que os outros estavam dizendo. eu achava que o que eu ia dizer era muito mais importante. e eu acho que é ainda, né?

se assumir. hoje em dia a coisa mais fácil do mundo é não ser. você foge. você passa a vida inteira fugindo de uma necessidade de ser. então é mais fácil não ser. a gente usa as palavras idiotamente, imbecilmente. você já pensou não falar?

científico é uma coisa programada. criação é uma coisa que nasce. nasce com a gente. nasce com as nossas dores. com nossas neuroses. com nossas nossos sorrisos. não não não não. criação é uma coisa muito importante. o científico também é. só que o científico é científico. ou não?

quinta-feira, 29 de abril de 2010

e que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora


ele disse
eu não gosto de esmalte escuro
eu disse
fala isso pra sua namorada então

now, i'm wondering
quando foi que eu me tornei uma pessoa assim?


****


"sei que é doloroso um palhaço. se afastar do palco por alguém. volta que a platéia te reclama. sei que choras palhaço. por alguém que não te ama. enxuga os olhos e me dá um abraço. não te esqueças que és um palhaço. faça a platéia gargalhar. um palhaço não deve chorar."
(Palhaço, Dalva de Oliveira, 1951)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

canto para mim qualquer coisa assim sobre você, que explique a minha paz


antes. quando eu era adolescente. antes. quando eu vivia naquela vida rodeada de pessoas. antes. quando eu morava com meus pais e com os meus irmãos. antes. quando minhas amigas praticamente moravam comigo. antes. quando eu praticamente morava com minhas amigas. antes. bem antes. e nem tão antes assim. eu lembro que eu adorava versinhos. e tinha um versinho. sim. eu me lembro bem desse versinho. ele era assim. 'solidão não é estar só, é estar entre mil pessoas e sentir falta de uma só'. e ele fazia tanto sentido. hoje não. hoje não é mais antes. hoje eu não moro com meus pais. nem com meus irmãos. nem meus irmãos moram com meus pais. hoje. hoje minhas amigas não moram na mesma cidade que eu. hoje eu não ando pra cima e pra baixo com elas. hoje elas não me visitam. hoje. eu faço artigo sozinha. hoje. eu vou ao supermercado sozinha. hoje. eu decido sozinha que cor de esmalte eu vou passar. hoje. eu troco uma idéia com um ou outro. hoje. eu chego em casa e é só. sou só eu. hoje. aquele verso não faz sentido. hoje eu sei. eu sei que o verso mudou. eu sei que solidão é estar só. eu sei que solidão também é estar entre mil pessoas. mas antes de tudo. eu sei. eu sei que solidão é não saber de quem sentir falta.

domingo, 25 de abril de 2010

eu hoje joguei tanta coisa fora... (será que) a casa fica bem melhor assim


eu te proponho. nós nos amarmos. nos entregarmos. neste momento. tudo lá fora. deixar ficar... eu te proponho. te dar meu corpo. depois do amor. o meu conforto. e além de tudo. depois de tudo. te dar a minha paz... eu te proponho. na madrugada. você cansada. te dar meu braço. no meu abraço. fazer você dormir... eu te proponho. não dizer nada. seguirmos juntos. a mesma estrada. que continua. depois do amor. no amanhecer. no amanhecer!


****


assistindo um episódio de sex and the city eu lembrei disso. eu lembrei de muita coisa. aliás. eu lembrei de toda minha vida. só não lembrei do manolo de quinhentos dólares que eu nunca tive. mas tudo bem. o que eu quero dizer é que em um dos episódios uma amizade é rompida porque uma amiga coloca o nome na filha que a outra amiga tinha escolhido pra colocar o nome na sua filha. isso. então eu lembrei disso. de que vou me casar com essa música aí de cima. se um dia alguém quiser casar com ela. ou se um dia alguém se casar com ela. so sorry. mas eu vou me casar com ela anyway. e eu não quero perder nenhuma amiga. mas essa é minha música. pronto. falei.


****


tem outra coisa. quando eu penso nessa música. e eu penso em mim casando. e eu penso no que a música diz. eu sempre acho que está errado. devia ser. 'você cansado'. eu nunca penso em mim cansada. eu nunca penso nele me fazendo dormir. nele me dando meu braço. eu penso em mim dando meu braço no meu abraço. eu penso em mim fazendo ele dormir. eu penso em mim dando à ele a minha paz. vai entender...

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