quinta-feira, 29 de abril de 2010

e que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora


ele disse
eu não gosto de esmalte escuro
eu disse
fala isso pra sua namorada então

now, i'm wondering
quando foi que eu me tornei uma pessoa assim?


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"sei que é doloroso um palhaço. se afastar do palco por alguém. volta que a platéia te reclama. sei que choras palhaço. por alguém que não te ama. enxuga os olhos e me dá um abraço. não te esqueças que és um palhaço. faça a platéia gargalhar. um palhaço não deve chorar."
(Palhaço, Dalva de Oliveira, 1951)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

canto para mim qualquer coisa assim sobre você, que explique a minha paz


antes. quando eu era adolescente. antes. quando eu vivia naquela vida rodeada de pessoas. antes. quando eu morava com meus pais e com os meus irmãos. antes. quando minhas amigas praticamente moravam comigo. antes. quando eu praticamente morava com minhas amigas. antes. bem antes. e nem tão antes assim. eu lembro que eu adorava versinhos. e tinha um versinho. sim. eu me lembro bem desse versinho. ele era assim. 'solidão não é estar só, é estar entre mil pessoas e sentir falta de uma só'. e ele fazia tanto sentido. hoje não. hoje não é mais antes. hoje eu não moro com meus pais. nem com meus irmãos. nem meus irmãos moram com meus pais. hoje. hoje minhas amigas não moram na mesma cidade que eu. hoje eu não ando pra cima e pra baixo com elas. hoje elas não me visitam. hoje. eu faço artigo sozinha. hoje. eu vou ao supermercado sozinha. hoje. eu decido sozinha que cor de esmalte eu vou passar. hoje. eu troco uma idéia com um ou outro. hoje. eu chego em casa e é só. sou só eu. hoje. aquele verso não faz sentido. hoje eu sei. eu sei que o verso mudou. eu sei que solidão é estar só. eu sei que solidão também é estar entre mil pessoas. mas antes de tudo. eu sei. eu sei que solidão é não saber de quem sentir falta.

domingo, 25 de abril de 2010

eu hoje joguei tanta coisa fora... (será que) a casa fica bem melhor assim


eu te proponho. nós nos amarmos. nos entregarmos. neste momento. tudo lá fora. deixar ficar... eu te proponho. te dar meu corpo. depois do amor. o meu conforto. e além de tudo. depois de tudo. te dar a minha paz... eu te proponho. na madrugada. você cansada. te dar meu braço. no meu abraço. fazer você dormir... eu te proponho. não dizer nada. seguirmos juntos. a mesma estrada. que continua. depois do amor. no amanhecer. no amanhecer!


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assistindo um episódio de sex and the city eu lembrei disso. eu lembrei de muita coisa. aliás. eu lembrei de toda minha vida. só não lembrei do manolo de quinhentos dólares que eu nunca tive. mas tudo bem. o que eu quero dizer é que em um dos episódios uma amizade é rompida porque uma amiga coloca o nome na filha que a outra amiga tinha escolhido pra colocar o nome na sua filha. isso. então eu lembrei disso. de que vou me casar com essa música aí de cima. se um dia alguém quiser casar com ela. ou se um dia alguém se casar com ela. so sorry. mas eu vou me casar com ela anyway. e eu não quero perder nenhuma amiga. mas essa é minha música. pronto. falei.


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tem outra coisa. quando eu penso nessa música. e eu penso em mim casando. e eu penso no que a música diz. eu sempre acho que está errado. devia ser. 'você cansado'. eu nunca penso em mim cansada. eu nunca penso nele me fazendo dormir. nele me dando meu braço. eu penso em mim dando meu braço no meu abraço. eu penso em mim fazendo ele dormir. eu penso em mim dando à ele a minha paz. vai entender...

sábado, 24 de abril de 2010

o tempo é que vai passar, a gente só vai rodar, na mesma ilusão de recomeçar




eu sinto. eu vejo. eu ouço. eu falo. mas antes de tudo. eu sinto. eu sinto uma música. eu sinto uma janela. eu sinto uma foto. eu sinto um papo. eu sinto um banco. eu sinto uma cor. eu sinto uma roupa. eu sinto uma cerveja. eu sinto uma pessoa. eu sinto uma foto. eu sinto uma árvore. eu sinto um livro. eu sinto um papel. eu sinto um café. eu sinto tanta coisa. eu gosto tanto de mim quando eu sinto. eu sinto que eu planto. eu sinto que eu construo. eu sinto que vivo. e quando eu olho ao redor. é estranho. é muito estranho. eu sinto estranho saber que eu sinto e que as pessoas não sabem o que eu sinto. eu sinto estranho sentir que eu sinto e que as pessoas não se importam com o que eu sinto. as pessoas não se importam com o que as outras pessoas sentem. eu me sinto triste. eu sinto como se eu sentisse em vão.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

ah vai, me diz o que é o sossego que eu te mostro alguém afim de te acompanhar



ela acorda. levanta. faz um café. de minas. fatia uns pedaços de queijo. de minas. arruma a mesa. senta na mesa pseudo-japonesa. percebe que esqueceu alguma coisa. levanta. liga a música. e pensa: eu deveria ter um vinil, como seria bom ter um vinil. e logo abre seu laptop. e escolhe em um segundo uma música entre 2349347 músicas. ela volta pra mesa. ela senta. seus pés tocam a almofada e ela levanta. puxa a almofada e senta sobre ela. coloca o café na xícara. ainda falta alguma coisa. ela lembra. e levanta. vai ao banheiro. pega o livro que está lendo. volta pra mesa e senta. empurra a almofada. está calor e o chão está gelado. ela sorri com essa sensação que vai além do seu pijama. abre o livro. enquanto pensa em qual página parou, toma um gole do café. e pensa: esse café vai esfriar. lê. lê. lê. come uma torrada com uma fatia de requeijão. lê. lê. lê. pensa que o café está morno e derrama mais um pouco na xícara. esquentou. olha ao seu redor. se vê sentada na sua mesa. se vê lendo "estorvo" de chico buarque. se vê ouvindo "encanto da paisagem" de nelson sargento. vê tudo no exato lugar que deixou. ela sorri. um sorrizinho de canto de boca. mas sorri. mas logo esquece o sorriso. e pensa. pensa que tem café, pensa que tem chico, pensa que tem sargento. e pensa o que mais pode querer. é um misto de sorrir e não sorrir. lê mais uma página do livro. toma mais gole de café. come agora só um pedaço de queijo. e timidamente algo vem a sua mente. olha ao seu redor. e pensa. tenta pensar em outra coisa. mas pensa. pensa. pensa. e aceita. já não é mais tão tímido assim. o que falta, o que falta. o que falta. é alguém do outro lado. dizendo: querida, traz o jornal e o chinelo.

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"Encontrar aberta a cancela do sítio me perturba. Penso nos portões dos condomínios, e por um instante aquela cancela escancarada é mais impenetrável. Sinto que, ao cruzar a cancela, não estarei entrando em algum lugar, mas saindo de todos os outros. Dali avisto todo o vale e seus limites, mas ainda assim é como se o vale cercasse o mundo e eu agora estrasse num lado de fora. Após besta hesitação, percebo que é esse mesmo meu desejo. Piso o chão do sítio e caio fora. Piso o chão do sítio, e para me garantir decido fechar a cancela atrás de mim."
(Estorvo - Chico Buarque, 1991)

terça-feira, 20 de abril de 2010

seu all star azul combina com o meu preto de cano alto


você diz que lembrou de mim quando tocou aquela música. você diz que lembrou de mim quando viu aquele filme. você diz que lembrou de mim quando ouviu alguém dizer "tipo isso". você diz que já sabia que eu ia dizer isso. você fica doido pra me dizer como foi seu show. você fica doido pra dizer como foi o show daquele seu amigo. você fica doido pra me dizer que eu ia adorar o barzinho que foi ontem. você me diz. você me diz. todo dia. de manhã, de tarde e de noite. quantas vezes forem possíveis. você me diz. você diz que eu sou legal. você diz que sou diferente. você diz mil coisas. mas você não diz o que eu quero ouvir. e depois de você (não) dizer isso tudo. será que eu ainda preciso te dizer alguma coisa? posso dizer mil vezes, posso dizer uma única vez. você nunca entenderia.

domingo, 18 de abril de 2010

Mas quem vai dizer tchau?


Tornar o amor real é expulsá-lo de você,
Prá que ele possa ser de alguém...

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