domingo, 30 de maio de 2010

como castelos nascem dos sonhos, pra no real achar seu lugar


um dia eu disse pra ele. ah nem. sua filha. como você deixa? ela é sua filha. como você deixa sua filha namorar um marxista? ele olhou pra mim. olhou bem. riu. e disse. marininha. isso não importa. o que importa mesmo. é ter idéia. idéia ruim. ou idéia boa. não importa. uma pessoa tem que ter idéia. eu gosto das pessoas que tem idéia. eu ri. meio sem graça. meio pensativa. e hoje. sei lá. um ano depois. deve ser. eu pensei. que é isso mesmo. eu pensei que é isso. que bom mesmo. bom mesmo é ter idéia. não importa se são como as suas. não importa se são como as minhas. tanto faz. mas hoje eu entendi. um ano depois. sei lá. eu entendi. que quem tem idéia. quem tem idéia. tem tudo. que lindo isso. então é isso. é isso que torna alguém interessante. é ter idéia. mas quem se importa? sim. é isso que eu quero saber. sim. eu quero saber quem se importa.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

que contradição, só a guerra faz, nosso amor em paz

e daí?
pouco importa se você se importa.
ou se interessa ou não se interessa.
é fim de conversa.
eu volto pra vida.
que deixei lá fora na rua.
e daí.
vou sentindo a demora.
de ver que o vulcão.
que o meu peito devora.
não teve a resposta.
a contra-proposta.
da parte que é tua.

fui tua...e daí?

é uma pena.
que a moça não seja.
de cama e mesa.
um bicho uma presa.
que depois de usada.
se guarda ou se joga.
na lata de lixo.

e daí?
eu sou uma mulher.
uma parte comum.
de um jogo qualquer.
pra perder ou ganhar.
ou aquilo que for.
mas os dois com a mão na colher.

e daí?
digo a frase maldita.
e pra mim pouco importa.
se você acredita.

eu te amo e não temo este amor.
já vou indo vou levando esta dor.
vou em paz.
pois não temo a dor de amar demais.
e daí?!...

(mulher e daí - apenas mulher / gonzaguinha)

sim... i'm falling for gonzaguinha.

domingo, 23 de maio de 2010

nada a temer senão o correr da luta, nada a fazer senão esquecer o medo


ele era assim. durante nove anos. nove anos de judô. todo fim de ano. todo fim de ano era igual. exame de faixa. não. eu não gosto mais de judô. ele dizia. não. eu não aprendo nada de novo. ele dizia. não. eu não gosto do professor. ele dizia. não. meus colegas vão entrar pro futebol. ele dizia. e seu pai dizia. passa, depois você larga. e ele passava. e mudava de idéia. ele passava. e continuava. o ano todo. treino. competição. medalha. troféu. o ano todo era isso. e sim. ele gostava. sim. como gostava. mas o fim do ano chegava. todo ano o fim do ano chegava. e era assim. era igual. durante nove anos. durante nove anos era assim. e ele não queria mais fazer judô.

sim. ele é meu irmão. e eu sou sua irmã. e o pai é o mesmo. eu e minha dissertação. minha dissertação e eu. é, não tem jeito. o dna não falha. não. ele não falha.

****


há muito tempo que eu saí de casa.há muito tempo que eu caí na estrada.há muito tempo que eu estou na vida.foi assim que eu quis, e assim eu sou feliz.principalmente por poder voltar.a todos os lugares onde já cheguei.pois lá deixei um prato de comida.um abraço amigo, um canto prá dormir e sonhar.e aprendi que se depende sempre.de tanta, muita, diferente gente.toda pessoa sempre é as marcas.das lições diárias de outras tantas pessoas.e é tão bonito quando a gente entende.que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá.e é tão bonito quando a gente sente.que nunca está sozinho por mais que pense estar.é tão bonito quando a gente pisa firme.nessas linhas que estão nas palmas de nossas mãos.é tão bonito quando a gente vai à vida.nos caminhos onde bate, bem mais forte o coração. (caminhos do coração.gonzaguinha)


terça-feira, 18 de maio de 2010

corra e olhe o céu, que o sol vem trazer, bom dia...


eu disse.
-tô num surto de baixo auto-estima tentando escrever esse projeto...
ele disse.
-você? bah, capaz...

pessoas. palavras. elas não sabem o poder que têm.

sábado, 15 de maio de 2010

é bom olhar pra frente, é bom nunca é igual

They Can't Take That Away From Me (Ella Fitzgerald)

the way you wear your hat. the way you sip your tea. the memory of all that. no, no, they can't take that away from me. the way your smile just beams. the way you sing off-key. the way you haunt my dreams. no, no, they can't take that away from me. we may never, never meet again. on this bumpy road to love. still I'll always, always keep the memory of... the way you hold your knife. the way we danced till three. the way you've changed my life. no, no, they can't take that away from me. no, they can't take that away from me.

****

uma pessoa passou pela minha vida e deixou essa música. me disse: toma. leva ela pra você. leva pra sua vida. bem. eu posso nunca mais ver essa pessoa. mas o presente que ela me deu. o presente vai ficar comigo pela vida toda. e eu acho isso lindo. e de alguma forma. lendo a letra da música. eu vi um nexo incrível entre o que eu disse e o que a música fala. pode não haver esse nexo. mas eu vi.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

e onde a sorte há de te levar, saiba, o caminho é o fim, mais que chegar



eu liguei a televisão. não sei o porquê. não sei mesmo. mas eu liguei. e ela disse pra ele. disse que ia embora. ia embora porque cansou. cansou de viver o amor no mundo das idéias. cansou. disse que era como vício. e precisava ir embora. ele disse que não entendeu. ela explicou. não. ela explicitou. ele disse. você foi minha melhor amiga. tantos anos. desculpa. desculpa se te fiz mal. ela disse. não. não faz diferença agora. ele disse. seja feliz. e eu pensei. eu já vi essa cena antes. eu já vi no mundo das idéias. mas vendo ali. na novela das oito. ou na novela das nove. eu pensei. eu pensei que eu não quero ver essa cena. mas eu sei que se eu quiser. eu vou ver. e vai ser idêntica. e pode ser às oito. ou pode ser às nove. não faz diferença. mas eu sei que vai ser idêntica. e não vai ser na novela. isso tudo eu sei. o que eu não sei. sério. o que eu não sei. é porque eu liguei a televisão.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

eu te vejo sumir por aí, te avisei que a cidade era um vão


eu. parada. de frente para o elevador.
ele.
-hey, segura a porta.
e elas se fecham.
eu.
-acho que foi mais rápido do que meu pensamento.
ele.
-não, acho que seu pensamento está bem mais rápido do que o elevador.
eu.
-é, acho que sim.
ele.
-você faz o quê?
eu.
-como assim, faço o quê?
ele.
-é, qual arte? dança, canta, pinta, atua?
eu. (com aquele sorrizinho de canto de boca =/).
-aaaaaaaaaaah. nãaaaaaaaao. sou economista. só estudo. faço mestrado.
ele.
-ah, então é isso.
eu.
-isso?
ele.
-sim, isso que está errado em você.
eu fico calada.
ele.
-qual andar você vai?
eu.
-no útlimo.
ele.
-mas no último é a administração.
eu.
-ah, então não sei.
ele.
-vai no quinto que vai te fazer bem.
eu.
-tá bom.
ele.
-tchau, fica bem.
eu.
-tchau, obrigada.

chego no quinto andar. me deparo com uma tela branca. e só. mais nada. fiquei olhando. rodei o andar todo. e voltei. era aquilo. era a tela branca. e só. engraçado. ou não. eu já tinha me deparado com uma tela branca antes. num museu. em nova iorque. mas lá. aquela tela lá não me disse nada. nada. eu pensei o que fazia aquela tela branca em um museu tão fino. e agora. ali no museu de POA. tão menos chique. a mesma tela branca. eu olhei pra ela. e saí para procurar outra coisa. e voltei. e olhei pra ela de novo. olhei sabendo que ela tinha que falar alguma coisa. e ela. ela imediatamente olhou pra mim. e significou tanta coisa. tanta coisa. tanta coisa! e fiquei pensando. pensando. pensando se o cara estava certo. não. ele não estava certo. porque a tela branca. a tela branca era pra me fazer bem. mas ela fez tanto sentido. tanto sentido. mas um sentido que sei lá. não sei se faz bem. nem todo sentido faz bem.

(e quanto ao que estava errado era o fato de eu ser economista. sei lá. isso vai demorar pra eu descobrir se ele estava certo ou não. e se eu devia ser artista. sei lá. isso vai demorar mais tempo ainda. que sentido teria um quadro branco pra um economista? e que sentido teria um quadro branco para um artista? e que sentido teria um economista pra um artista? e que sentido teria um artista pra um economista?)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

só apareço, por assim dizer, quando convém aparecer


sexta-feira. último dia útil da semana. sexta-feira. última aula da semana. sexta-feira à noite. é como se todos as obrigações deixassem de existir. sexta-feira. é como se todo mundo fosse rico. sexta-feira. a cerveja é como um remédio. sexta-feira. uma sexta-feira que -sem motivo de força maior- não termina em happy hour e cerveja é solidão. mas muitas sextas-feiras, com happy hour e com cerveja... também são.

****

bem, minha fase Maysa ainda não passou... então segue a letra e o link daquilo que eu não consigo parar de escutar.

Dindí. letra de Tom Jobim e divinamente interpretada por Maysa. porque pra mim é assim. Cartola é gênio. Maysa é divina.


céu, tão grande é o céu. bandos de nuvens que passam ligeiras. prá onde elas vão, ah, eu não sei, não sei

e o vento que toca nas folhas. contando as histórias que são de ninguém. mas que são minhas e de você também. ai, Dindí. se soubesses o bem que eu te quero. o mundo seria, Dindí, tudo, Dindí, lindo, Dindí. ai, Dindí. se um dia você for embora me leva contigo, Dindí. olha, Dindí, fica, Dindí. e as águas desse rio. onde vão, eu não sei. a minha vida inteira, esperei, esperei por vo...cê, Dindí. que é a coisa mais linda que existe. é você não existe, Dindí.





segunda-feira, 3 de maio de 2010

domingo, 2 de maio de 2010

tenho os sentidos já dormentes, o corpo quer, a alma entende


eu fiquei pensando. quando é que as coisas se tornam óbvias? quando é que tudo se torna certo? quando um colega vira um amigo? quando um amigo vira um colega? quando um beijo se torna um amor? quando um amor se torna só um beijo? quando um erro se torna uma aberração? quando uma aberração se torna apenas um erro? quando um dia é como um ano? quando um ano é só um dia? quando uma dúvida se torna incerteza? quando incerteza torna tudo uma dúvida? quando uma mentira se torna traição? quando uma traição transforma tudo em mentira? quando uma amiga se torna uma irmã? quando uma irmã se torna uma amiga? quando um quarteirão parece longe? quando o longe parece ser só um quarteirão? quando um sonho se torna realidade? quando a realidade se torna um grande sonho? quando um segundo muda toda vida? quando toda vida muda só por um segundo? quando o certo parece errado? quando o errado é tão certo? quando um abraço se torna vazio? quando o vazio se acaba em um abraço? quando? quando? quando?

sábado, 1 de maio de 2010

as flores na janela sorriam, cantavam por causa de você


Especial Maysa - Estudos (1975)

[falar o quê? ai, Dindí...]

o amor é também muitas vezes uma espécie de estado sentimental. extremamente descarnizado. puramente espiritual. é por isso então que eu evito a palavra amor.

eu tenho uma série de complexos de coisas antigas. de não conhecê-los. sabe. eu parei no segundo ano ginasial. isso não quer dizer absolutamente nada. mas eu parei no segundo ano de vida. eu achava que eu era muito mais importante do que saber do que os outros estavam dizendo. eu achava que o que eu ia dizer era muito mais importante. e eu acho que é ainda, né?

se assumir. hoje em dia a coisa mais fácil do mundo é não ser. você foge. você passa a vida inteira fugindo de uma necessidade de ser. então é mais fácil não ser. a gente usa as palavras idiotamente, imbecilmente. você já pensou não falar?

científico é uma coisa programada. criação é uma coisa que nasce. nasce com a gente. nasce com as nossas dores. com nossas neuroses. com nossas nossos sorrisos. não não não não. criação é uma coisa muito importante. o científico também é. só que o científico é científico. ou não?

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as coisas estão no mundo só que eu preciso aprender