quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

olha você e diz que não vive a esconder o coração


hoje é daqueles dias. daqueles dias que o coração tá tão pequeno. tão pequeno. tão pequeno. que ela passa o dia todo o procurando.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

escravizaram assim um pobre coração, é necessário a nova abolição



o pior é que agora. agora. agora que ela está triste. agora. agora que ela está triste por causa dele. agora. agora escrevendo no computador que ela está triste por causa dele. agora. agora ela só pensa. agora. agora ela só pensa em correr. em correr pra cama dele. em correr para os braços dele. em correr pra ele. agora. agora que ela pensa em correr pra ele. e agora. agora ela pensa. ela pensa que não era só como saramago dizia. não. agora. agora ela pensa que sim. que a alegria e a tristeza. ah. alegria e tristeza coexistem. sim. saramago estava certo. agora. agora ela pensa que saramago estava certo. mas agora. agora tem mais. não é só a alegria e a tristeza que coexistem. não. não é. agora. agora. bem agora. agora o amor e o ódio também.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

no palco, na praça, no circo, num banco de jardim



dias. dias. fazia dias que ela tentava não pensar nele. fazia dias que dormia com a televisão ligada. fazia dias que se enganava com a tevê. fazia dias. fazia dias que tomava banho correndo. ah. o banho. porque no banho. no banho é pior. banho é momento que se pensa. é momento que se chora. é o momento. mas não. o banho era rápido. fazia dias que o banho era rápido. fazia dias. dias. dias. muitos dias. fazia dias que ela só escutava música em francês. música em japonês. música africana. talvez música árabe. fazia dias que ela escutava músicas que não entendia. fazia dias que escutava músicas que não lhe diziam nada. e ela imaginava. imaginava que a música falava de tanta coisa. ou imaginava que a música não falava de nada. sim. fazia dias. dias. dias. fazia dias que não pedia pizza. aquela pizza. aquela pizza que por tantos dias comeram juntos. sim fazia dias. fazia dias que decidira. que decidira que era melhor voltar ao regime. o dia todo. o dia todo tudo ia tão bem. fazia dias que o dia quase todo ia bem. fazia dias que ela fazia tudo aquilo. fazia dias que ela fazia tudo pra não pensar nele. fazia dias que ela fazia tudo certo. mas fazia dias. fazia dia que. que toda vez que chegava em casa. ah. toda vez que chegava em casa. toda vez que abria a porta. ah. toda vez. toda vez que fechava a porta. toda vez que fechava a porta ela jogava a chave na mesa. aquele barulho. fazia dias que fazia aquele barulho. aquele barulho. aquele mesmo barulho. fazia dias. fazia dias que ela fazia isso. fazia dias que não conseguia controlar isso. fazia dias que. fazia dias que. que toda vez. toda vez que jogava a chave na mesa. toda vez lembrava dele. lembrava dele falando. lembrava dele rindo. lembrava dele brigando. lembrava dele debochando. lembrava dele questionando. lembrava dele pensando. lembrava dele sonhando. lembrava dele. lembrava dele repetindo: -você é tão delicada jogando essa chave na mesa. todo dia. todo dia. fazia dias. todo dia era igual a todo dia. todo dia. inconscientemente. todo dia. todo dia ele estava lá. todo dia. fazia dias. dias. dias.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

porque tudo na vida há de ser sempre assim ...


e de repente o mistério se desfaz. ligia. ligia. eu sempre fiquei intrigada com essa música. eu nunca sonhei com você, nunca fui ao cinema. nunca sonhei com você, nunca fui ao cinema. não sei. tanto mistério nessa música. agora. agora que eu li isso tudo abaixo. agora faz tudo tão sentido. não sei ainda. não sei se gostei de saber isso ou não. gostei. mas o fato é que agora. agora sei ligia. e agora? e agora que sei ligia?

O quase romance

Os olhos verdes da carioca Lygia Marina de Moraes são morenos na letra de "Lígia". Um disfarce da identidade da musa e da atração de Tom Jobim por ela. Tom e Lygia, professora de pré-primário de uma das filhas do compositor, se conheceram em 1968, no bar Veloso, em Ipanema. Nunca houve nada entre os dois, mas aquele encontro daria origem ao samba-canção gravado por Chico Buarque no LP "Sinal Fechado", em 1974. "O Tom vivia de olho nela", diz o jornalista Ruy Castro, que registrou o episódio no livro "Ela é Carioca" (Cia. das Letras).

Por muitos anos Tom negou que Lygia fosse sua musa, em respeito ao amigo Fernando Sabino, marido dela na época. Só em 1994, quando o casal se separou, ele admitiu a inspiração aos amigos. Hoje, aos 54 anos, Lygia mora sozinha e dirige o departamento cultural da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Ela recorda com orgulho os detalhes de seu caso jamais consumado com Tom Jobim.

Lygia Marina de Moraes "Conheci o Tom em uma tarde chuvosa. O bar Veloso estava vazio, era junho e fazia frio. Eu e uma amiga, Cecília, nos sentamos na varanda e vimos o Tom conversando com Paulo Góes [fotógrafo]. Os dois acabaram se sentando na nossa mesa. Quando contei ao Tom que era professora da sua filha Beth, ele teve um ataque de riso e disse: 'É a primeira vez que paquera vira reunião de pais e mestres!'. E eu babando: imagine, em 68, Tom era um dos homens mais lindos do Brasil.

Ele tinha que dar uma entrevista a Clarice Lispector para a 'Manchete', e convidou a mim e a Cecília para ir com ele. Fomos no fusquinha azul-claro do Tom. Eu usava uma saia de lã e um suéter de cashmere. Ao abrir a porta, Clarice fez cara de mau humor. Tom, abraçado comigo e com Cecília, disse: 'Trouxe minhas amigas'. Ela ficou mais furiosa quando pediu a Tom que fizesse um poema para ela, como Vinícius [de Moraes] teria feito em entrevista anterior, e ele disse: 'Não sou poeta, se tivesse um violão...'.

Mas aí pegou um bloco de papel-jornal e escreveu um poema para mim, que guardo até hoje: 'Teus olhos verdes são maiores que o mar/ Se um dia eu fosse tão forte quanto você/ Eu te desprezaria e viveria no espaço/ Ou talvez então eu te amasse/ Ai que saudades me dá/ Da vida que eu nunca tive', e assinou: A.C.J.

Saindo de lá, Tom me levou em casa. Nos despedimos no carro, com um beijinho no rosto. Fiquei nervosíssima, mas parou ali. Tom era casado... Aquela carona foi nosso único encontro a sós. A música fala de tudo o que não aconteceu: o cinema, o passeio na praia... Depois nos encontramos muitas vezes, mas sempre em grupo. Logo me casei com o cineasta Fernando Amaral e entrei para a turma. Vivi o auge de Ipanema.

Após quatro anos de casada e um filho, me separei. Depois me casei com o escritor Fernando Sabino. Em 1973, acho que Tom não sabia que eu estava casada com ele, e ligou para o Fernando pedindo meu telefone. Meu marido fez uma sacanagem: deu um número errado. Em seguida, ligou para o telefone que tinha dado e avisou: 'O Tom Jobim vai ligar aí procurando uma Lígia, mas o telefone é tal', e deu outro número errado. Os amigos ficaram sabendo dessa história, inclusive o Tom. Talvez daí tenha surgido a frase na música que fala do telefonema que foi engano.

Estava sozinha em casa quando ouvi no rádio o Chico cantando 'Lígia', pela primeira vez. Fui correndo comprar o disco. Na hora, me vi na letra. Ser homenageada já é maravilhoso, ainda mais pelo Tom, com uma música linda e sofisticada... É uma glória. Claro que a música rendeu comentários e Fernando ficou uma fera. Durante os 19 anos em que fui casada, Tom evitou o tema. Estivemos juntos em vários lugares, tipo réveillon na casa de Jorge Amado, eu com Fernando e Tom com Ana, sua segunda mulher. Mas ninguém falava nisso.

Um dia, Tom me encontrou por acaso na Cobal [sacolão e ponto de encontro] e falou: 'Está chegando minha musa!'. Foi a primeira vez que admitiu para mim. Até hoje, em cada boteco que entro tocam 'Lígia'. Faz parte do meu show. Fiquei imortal. Tenho quase todas as gravações de 'Lígia'. Existe até uma versão do João Gilberto em que, ao contrário da oficial, o romance acontece e Tom até se casa comigo. As pessoas me cobram o fato de nunca ter acontecido nada entre a gente. Mas será que não foi melhor ter ficado essa fantasia? Talvez tivesse de ser essa a história: eu virar musa, entrar em um restaurante e me lembrar do Tom, cheio de charme."

veio daí

e eu gosto deste dueto

Lígia - Tom Jobim

Eu nunca sonhei com você
Nunca fui ao cinema
Não gosto de samba não vou a Ipanema
Não gosto de chuva nem gosto de sol

E quando eu lhe telefonei, desliguei foi engano
O seu nome não sei
Esquecí no piano as bobagens de amor
Que eu iria dizer, não ... Lígia Lígia

Eu nunca quis tê-la ao meu lado
Num fim de semana
Um chopp gelado em Copacabana
Andar pela praia até o Leblon

E quando eu me apaixonei
Não passou de ilusão, o seu nome rasguei
Fiz um samba canção das mentiras de amor
Que aprendí com você
É ... Lígia Lígia


hoje completam 15 anos que vivemos sem o Tom. mas não sem tom. pq tudo na vida há de ser sempre assim... e as praias desertas continuam esperando por nós dois... eu sei e você sabe que a distância não existe... não deixe o mundo mal lhe levar outra vez...é tempo de pensar que o amor pode novamente chegar... se soubesses o bem que te quero... que só em seus braços amor eu posso ser feliz...se todos fossem iguais a você, que maravilha viver... talvez, bem talvez, minha filha se chame ligia.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

vou abrir a porta, mais uma vez, pode entrar...




ao telefone
ele diz
por que hoje você está tão bonitinha assim?
e ela pensa
porque acho que você vai me trair
e ela diz
porque estou com saudade

e lá se vai uma noite de sono.


e mesmo sem te ver, acho até que estou indo bem...





eu gostava muito dessa música. ela significava tanto pra mim. e quando li isso. quando li isso passou a significar mais.

A melodia da separação

O apelido foi dado por Maria Bethânia. Drão vem do aumentativo de Sandra, a terceira mulher de Gilberto Gil. Ao virar título de um dos maiores sucessos do compositor, o apelido incomum sempre foi confundido com a palavra "grão". Sandra Gadelha desfaz o mal-entendido e se assume como inspiração dos versos densos, compostos em 1981, em plena separação do casal. Gil diz que foi bem difícil escrever a letra, uma poesia profunda e sutil do amor e do desamor. "Como é que eu vou passar tanta coisa numa canção só?", questiona-se Gil no livro "Gilberto Gil-Todas as Letras" (Cia. das Letras).

Os dois foram casados por 17 anos e tiveram três filhos: Pedro, Maria e Preta. Hoje, aos 53 anos, Sandra mora sozinha no Rio, sonha em montar uma pousada e se lembra com carinho da canção que marcou o fim de seu casamento. Por uma feliz coincidência, Sandra costuma ouvir sempre a "sua" música no rádio do carro. Uma emissora carioca parece estar programada para tocá-la todos os dias, às 11h. A ouvinte especial está sempre sintonizada.

Sandra Gadelha "Desde meus 14 anos, todo mundo em Salvador me chamava de Drão. Fui criada com Gal [Costa], morávamos na mesma rua. Sou irmã de Dedé, primeira mulher de Caetano. Nossa rua era o ponto de encontro da turma da Tropicália. Fui ao primeiro casamento de Gil. Depois conheci Nana Caymmi, sua segunda mulher. Nosso amor nasceu dessa amizade. Quando ele se separou de Nana, nos encontramos em um aniversário de Caetano, em São Paulo, e ele me pediu textualmente: 'Quer me namorar?'. Já tinha pedido outras vezes, mas eu levava na brincadeira. Dessa vez aceitei.

Engraçado que Gil mesmo não me chamava de Drão. Antes havia feito a música 'Sandra'. Já 'Drão' marcou mais. Estávamos separados havia poucos dias quando ele fez a canção. Ele tinha saído de casa, eu fiquei com as crianças. Um dia passou lá e me mostrou a letra. Achei belíssima. Mas era uma fase tumultuada, não prestei muita atenção. No dia seguinte ele voltou com o violão e cantou. Foi um momento de muita emoção para os dois.

Nos separamos de comum acordo. O amor tinha de ser transformado em outra coisa. E a música fala exatamente dessa mudança, de um tipo de amor que vive, morre e renasce de outra maneira. Nosso amor nunca morreu, até hoje somos muito amigos. Com o passar do tempo a música foi me emocionando mais, fui refletindo sobre a letra. A poesia é um deslumbre, está ali nossa história, a cama de tatame, que adorávamos. No começo do casamento moramos um tempo com Dedé e Caetano, em Salvador, e dormíamos em tatame. Durante o exílio, em Londres, tivemos de dormir em cama normal. Mas, no Brasil, só tirei o tatame quando engravidei da Preta e o médico me proibiu, pela dificuldade em me levantar.

A primeira vez em que ouvi 'Drão' depois que Pedro, nosso filho, morreu [num acidente de carro em 1990, aos 19 anos] foi quando me emocionei mais. Com a morte dele a música passou a me tocar profundamente, acho que por causa da parte: 'Os meninos são todos sãos'. Mas é uma música que ficou sendo de todos, mexe com todo mundo. Soube que a Preta, nossa filha, chora muito quando ouve 'Drão'. Eu não sabia disso, e percebi que a separação deve ter sido marcante para meus filhos também. As pessoas me dizem que é a melhor música do Gil. Djavan gravou, Caetano também. Fui ao show de Caetano e ele não conseguia cantar essa música porque se emocionava: de repente, todo mundo começou a chorar e a olhar para mim, me emocionei também. E, engraçado, Caetano é o único dos nossos amigos que me chama de Drinha."

veio daí

mas a verdade é que eu gosto mais do caetano cantando...

letra

Drão

(Gilberto Gil)

Drão o amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão nossa semeadura
Quem poderá fazer aquele amor morrer!
Nossa caminhadura
Dura caminhada pela estrada escura

Drão não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão, estende-se, infinito
Imenso monolito, nossa arquitetura
Quem poderá fazer aquele amor morrer!
Nossa caminha dura
Cama de tatame pela vida afora

Drão os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão, não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão
Quem poderá fazer aquele amor morrer
Se o amor é como um grão!
Morrenasce, trigo, vive morre, pão
Drão


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