segunda-feira, 25 de julho de 2016

portas e janelas ficam sempre abertas pra sorte entrar




já li e ouvi de diversas pessoas (aqui não tem que ter referência, né?) que o ato de conseguir escrever, seja uma peça de teatro seja uma tese de doutorado, é algo que necessita de prática. parece que quanto mais fácil de se ler um texto, mais difícil é de se escrever esse texto. só escrevi isso, porque não queria perder essa frase que acabei de ler e foi falada por algum escritor importante que não me lembro o nome. sabia que Victor Hugo escreveu Os Miseráveis de pé? vai entender... e eu não consigo escrever minha tese sentada ou deitada no conforto do meu quarto. será isso? será que o conforto me impede? ainda não criei coragem para ir para a biblioteca. hoje é só o primeiro dia da se não me engano décima vez que recomeço a escrever minha tese. é uma situação tão ridícula. qualquer pessoa teria desistido. ou eu mesma teria desistido de qualquer outra coisa. então pq, pq diabos não consigo nem fazer nem desistir? pois fui pra academia, voltei, arrumei casa, almocei, tomei chá, conversei na internet, reclamei, comi um pacote de um biscoito que tinha na dispensa e não consegui ler uma linha. passei pro word umas resenhas que fiz no bloco de notas pq estava sem o pacote office e corrigi os erros de português. a minha relação com minha tese é como de uma adolescente horrorosa apaixonada pelo menino mais bonito da escola. fica o tempo todo pensando nele, tentando se aproximar, mas não se aproxima... pq né...na cabeça dela não vai rolar da menina mais feia ficar com o menino mais bonito da escola. e não vai rolar de fazer essa tese. é assim que sinto. eu sempre gostei de escrever, vide os 12 diários que tenho guardados no meu armário. mas nunca gostei de ler o que escrevia. lembro que quando mandava cartas pra uma amiga, eu odiava que ela as lesse na minha frente. era uma vergonha gigantesca. e era só uma carta. falando banalidades. e a gente tinha tipo 15 anos. ninguém se importa com português ou a escrita numa carta quando se tem 15 anos. mas pra mim era importante. talvez eu devesse pedir essas cartas pra ela. fazer um livro de cartas, como o da Ana Cristina César. Estou viciada nessa mulher. Ela é tão descompensada, tão perturbada. e, de alguma forma, me identifico com ela. Fiquei com essa frase dela na cabeça: "dar aula é como fazer ginástica ou trepar (depois que a gente toma prática não doem mais as pernas".  (CESAR, 20XX, p.XX). é assim que faço na tese, depois não sei o que colocar nos XX pq já perdi isso tudo há muito tempo. não sei o que li semana passada da tese. acho que não sei dar uma aula de 5 minutos sobre as referências da minha tese. Mas sei de tudo que li no livro da Ana Cristina Cesar, que sabe, é lindo e elaborado, mas tem quase todas as  crises que têm no livro da Jout Jout, mas sem se promover, então parece que tudo bem. acho que dar aula é igual a sexo também por outro motivo. as vezes a gente não quer começar, tem preguiça, tanto do sexo quanto da aula. Mas depois de uns minutos que começa, as vezes muitos minutos, confesso, quase sempre é ótimo. tem uma frase que me identifiquei bem também: "Acho que a distância me tira a vergonha de falar da solidão. É difícil falar tudo isso para alguém perto, fica parecendo um apelo, um pedido, uma velada exigência ou reclamação. Como explicar para alguém perto que me sinto sozinha e que isso não significa que não somos amigos, não significa que não gosto de ninguém, não oculta uma reclamação". já desviei de todo o assunto. mas é incrível que eu não consiga escrever minha tese quando escrever sempre foi tudo que me fez bem na vida. talvez por isso eu esteja encantada com esse livro. são só cartas. cartas cuspidas como to fazendo agora. e são literatura pura. e escrever tese é uma chatice. sei não. o jeito é tentar de novo. mais uma vez. quantas paisagens, em quantos quartos diferentes já vivi esse drama. achei que aqui em casa ia ser mai fácil. afinal, foi aqui que fiz a dissertação, foi aqui que fiz aquele maldito artigo de econometria depois de muito choro, foi aqui que estudei pra ANPEC, foi aqui que me preparei pra tudo que deu certo na minha vida. acho que existe uma linha tênue entre conforto e acomodação. e eu não sei de que lado eu estou. sei que esse quarto é muito confortável. mas que não sai tese... são 16:10. ainda tenho oito horas até meia noite, que é a hora que eu durmo. vou tentar de novo. depois eu conto. mas não antes de ir ao banheiro, olhar o facebook, comer um pedaço de rosca fazer um café. o famoso playground das trevas.

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