
ele era assim. durante nove anos. nove anos de judô. todo fim de ano. todo fim de ano era igual. exame de faixa. não. eu não gosto mais de judô. ele dizia. não. eu não aprendo nada de novo. ele dizia. não. eu não gosto do professor. ele dizia. não. meus colegas vão entrar pro futebol. ele dizia. e seu pai dizia. passa, depois você larga. e ele passava. e mudava de idéia. ele passava. e continuava. o ano todo. treino. competição. medalha. troféu. o ano todo era isso. e sim. ele gostava. sim. como gostava. mas o fim do ano chegava. todo ano o fim do ano chegava. e era assim. era igual. durante nove anos. durante nove anos era assim. e ele não queria mais fazer judô.
sim. ele é meu irmão. e eu sou sua irmã. e o pai é o mesmo. eu e minha dissertação. minha dissertação e eu. é, não tem jeito. o dna não falha. não. ele não falha.
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há muito tempo que eu saí de casa.há muito tempo que eu caí na estrada.há muito tempo que eu estou na vida.foi assim que eu quis, e assim eu sou feliz.principalmente por poder voltar.a todos os lugares onde já cheguei.pois lá deixei um prato de comida.um abraço amigo, um canto prá dormir e sonhar.e aprendi que se depende sempre.de tanta, muita, diferente gente.toda pessoa sempre é as marcas.das lições diárias de outras tantas pessoas.e é tão bonito quando a gente entende.que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá.e é tão bonito quando a gente sente.que nunca está sozinho por mais que pense estar.é tão bonito quando a gente pisa firme.nessas linhas que estão nas palmas de nossas mãos.é tão bonito quando a gente vai à vida.nos caminhos onde bate, bem mais forte o coração. (caminhos do coração.gonzaguinha)
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